A Feiticeira

Antes da revolução feminista, na época de nossas mães e avós, o sonho feminino era casar com um “bom partido” que as provessem, ter uma linda casinha com uma cerca branca, ter filhos (vários se possível), educá-los, ter aulas de culinária, bordado e boas maneiras, ou seja, a personificação da dona de casa impecável, influenciadas principalmente pelos filmes, quando as famílias felizes (perfeitas) eram o objeto de desejo das mulheres.
Lembro-me bem do seriado “A Feiticeira”, onde o estereótipo da ”esposa perfeita” era bem retratado. Samantha (a bruxinha), sempre com seu penteado impecável e seu lindo avental engomado na cintura, vivia suas únicas preocupações que eram com a educação de sua filha Tábata, e com o jantar de James, seu marido carinhoso, simpático porém um pouco machista e autoritário. Era o retrato perfeito da dona de casa feliz, um verdadeiro conto de fadas (ou de bruxas).
Hoje, obviamente, mudamos nossos conceitos. Estudamos, trabalhamos fora ( e dentro de casa!) temos nossa independência financeira, em muitos casos ganhamos mais que nossos maridos (ponto de conflito entre muitos casais), somos até eleitas Presidentes! Mas chegamos a um ponto em que por inúmeras vezes nos questionamos quanto a nossa essência feminina, nosso papel na sociedade, e como os homens encaram esse conflito. Acredito que alguns padrões antigos estão voltando, como um movimento de resgate aos valores sociais mais recatados (precisamos disso).
Quando estamos no escritório nos preocupamos com nossos filhos sendo educados por outras pessoas, ou babás, e quando optamos por estar em casa sendo “Samanthas” nos culpamos por abandonar nossa profissão, sonhos, e conquistas (tão sofridas de alcançar). Esse sentimento paradoxal vem como uma avalanche em nossas mentes, afeta nossa auto estima, culpa e sentimentos dolorosos vem à tona, e os relacionamentos se desestruturam. Então nos questionamos; qual o nosso verdadeiro papel na sociedade, no mundo moderno e nos relacionamentos? Será que fomos traídas por nossa própria emancipação e ânsia de igualdade perante os homens?
Muitas estão felizes com os papéis que realizam, donas de casa ou empresárias bem sucedidas, mas sempre algo vai nos corroer o íntimo. Como poderíamos lidar com tantos sentimentos e papéis tão distintos? A Samantha poderia! Ela apenas mexeria o nariz e mudaria tudo como num passe de mágica! E nós? Queremos? Podemos?
Esse questionamento é real e muito mais frequente do que imaginamos, mas só uma verdade pode ser absoluta, contos de fadas não existem, o que existe é tentar fazer o melhor dentro de nossas escolhas e possibilidades.

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